“Corpo em Chamas”: série da Netflix é inspirada em um crime real?

A minissérie Corpo em Chamas, disponível na Netflix, rapidamente conquistou o público e gerou muitas discussões. Protagonizada por Úrsula Corberó e José Manuel Poga, a produção espanhola apresenta uma narrativa tensa e perturbadora sobre o assassinato brutal de um policial. O que chama atenção é que, por trás da ficção, existe uma história real que chocou a Espanha em 2017.

Um crime que parece ficção, mas é realidade

A trama acompanha o assassinato de Pedro (interpretado por Poga), um policial encontrado carbonizado no porta-malas de seu próprio carro. Logo surgem os principais suspeitos: sua namorada, Rosa (vivida por Corberó), e Albert (interpretado por Quim Gutiérrez), amante de Rosa e também colega da mesma corporação policial. Conforme as investigações se intensificam, segredos obscuros da vida dos três começam a vir à tona, revelando uma rede de traições, ciúmes, e violência dentro da própria polícia.

A verdadeira história por trás da produção

A série é baseada em um caso verídico que ganhou grande repercussão na Espanha, conhecido como o “Crime da Guarda Urbana”. Em maio de 2017, o corpo carbonizado do policial Pedro Rodríguez foi encontrado dentro de um carro abandonado próximo a um reservatório na região de Barcelona. A identificação só foi possível graças ao número do chassi do veículo, tamanho era o estado de decomposição do corpo.

Pedro trabalhava na Guarda Urbana de Barcelona, a mesma corporação que Rosa Peral e Albert López, os dois principais suspeitos pelo crime. Rosa, que era namorada de Pedro na época, mantinha um relacionamento conturbado com Albert, com quem já havia tido envolvimento amoroso anteriormente. Rumores apontavam que o triângulo amoroso permanecia ativo, mesmo após o início do relacionamento de Rosa com Pedro.

Versões conflitantes e julgamento midiático

O caso se tornou ainda mais famoso por conta das versões contraditórias apresentadas pelos réus. Rosa afirmou ter sido ameaçada por Albert, que teria invadido sua casa e matado Pedro num acesso de ciúmes. Já Albert garantiu que Pedro já estava morto quando ele chegou à residência de Rosa, sugerindo que ela teria cometido o crime após uma discussão violenta com o companheiro.

Durante o julgamento, a acusação apontou que o casal assassinou Pedro porque o viam como um obstáculo para ficarem juntos. A justiça considerou essa hipótese como a mais plausível diante das provas apresentadas.

Em 2020, o tribunal espanhol emitiu as sentenças: Rosa Peral foi condenada a 25 anos de prisão e Albert López a 20 anos. O caso despertou grande interesse da mídia e da população por envolver membros da força policial em um enredo de traição, crime e manipulação.

Adaptação livre com nomes reais

Na série da Netflix, apenas os nomes reais dos três envolvidos principais foram mantidos: Pedro, Rosa e Albert. Os demais personagens que surgem durante os episódios foram adaptados com nomes fictícios, embora muitos deles também tenham ligação com figuras reais do caso.

Corpo em Chamas mistura suspense policial com drama psicológico, explorando a linha tênue entre o amor doentio e o ódio fatal. A produção levanta questionamentos sobre ética, moralidade e os limites das relações humanas, enquanto retrata com fidelidade os fatos centrais de um dos crimes mais impactantes da década na Espanha.