“The Naked Gun” Está de Volta: Como Transformar Piadas Bobas em uma Comédia Genial para os Cinemas em 2025
Um Clássico Reimaginado com Liam Neeson
A franquia de comédia “The Naked Gun” está oficialmente de volta às telonas, agora sob a direção de Akiva Schaffer e com Liam Neeson no papel principal como o atrapalhado tenente Frank Drebin Jr. A nova versão presta homenagem ao espírito absurdo dos filmes originais, mas com um toque moderno e um elenco surpreendente.
Schaffer, junto aos roteiristas Dan Gregor e Doug Mand, assumiu o desafio de reimaginar a franquia que consagrou Leslie Nielsen sem perder a essência do humor visual, dos trocadilhos e do timing cômico. “Nosso objetivo era honrar os clássicos, mas com o cara de ‘Taken’ no centro da loucura”, brincou o diretor.
Construindo a Piada Perfeita: Humor Planejado com Precisão
Uma das cenas centrais, inspirada em “Missão: Impossível – Efeito Fallout”, mostra Neeson interrogando um criminoso em um hospital. Após obter a confissão, ele pergunta em um microfone oculto: “Você pegou tudo isso?” As paredes do quarto desabam, revelando uma emboscada policial.
Mas o humor vai além. A policial que parecia ser aliada de Frank se revela agente da corregedoria. E então, ela mesma é desmascarada por um representante da OSHA (agência de segurança do trabalho), que a prende por usar propinas para montar os cenários da operação. A piada se transforma em uma sequência crescente de revelações absurdas, que satiriza a própria complexidade do cinema de ação moderno.
Essa elaborada “piada em camadas” mostra o compromisso da equipe com o tipo de comédia que fez a fama da trilogia original. Segundo Mand, a intenção era justamente fazer o público pensar: “Não acredito que gastaram dinheiro com isso… e ainda assim estou chorando de rir.”
Humor Sem CGI: Prático, Estúpido e Genial
Para manter o charme físico da comédia, Schaffer evitou ao máximo o uso de efeitos visuais. A maior parte das cenas foi construída com cenários reais e planejamento visual meticuloso. “É muito mais engraçado quando sabemos que realmente pularam da janela ou bateram o carro de verdade”, afirmou o diretor.
Esse compromisso com o humor prático se estende ao ritmo do filme. Em um corte que não chegou à versão final, a cena teria incluído um sorveteiro disfarçado, revoltado com o reposicionamento ilegal de seu carrinho. Mas a equipe decidiu que já havia absurdos suficientes. Saber onde parar é tão importante quanto saber como começar uma piada.
Neeson Brilha ao Encarar o Absurdo com Seriedade
A performance de Liam Neeson é um dos grandes trunfos do filme. Conhecido por sua intensidade em papéis de ação, o ator encara as situações mais ridículas com total seriedade, o que aumenta ainda mais o efeito cômico. Em um momento, ele responde à acusação de “jogo sujo” com um olhar sóbrio e a frase: “Não, uma galinha jamais faria isso.”
Pamela Anderson, que interpreta Beth Davenport — irmã da vítima e escritora de romances policiais — também se destaca. Sua entrega cênica inclui até uma inusitada sequência de canto scat, que adiciona uma camada surreal à narrativa.
Estilo Atual com Sabor Retrô
Mesmo inspirado nos filmes dos anos 80, “The Naked Gun” se adapta bem ao público de 2025. A história tira sarro de filmes modernos como “Kingsman” e “Missão: Impossível”, critica a tecnologia das grandes corporações e termina com uma sequência em um ringue de luta, no estilo UFC.
Tudo isso com uma estrutura leve e ágil: o filme dura apenas 85 minutos. Segundo os criadores, o tempo enxuto foi proposital para manter o humor sempre fresco. “Poderíamos ter feito mais, talvez até uma sequência. Mas sabíamos que, ao manter o ritmo, evitaríamos o desgaste da piada”, explicou Schaffer.
Uma Experiência Coletiva no Cinema
O retorno de “The Naked Gun” prova que ainda há espaço para comédias escancaradas no cinema. As piadas rápidas e constantes (quase uma a cada 30 segundos) fazem do filme uma escolha ideal para ser vista com o público no cinema. Em grupo, a gargalhada é contagiante.
Mesmo que nem todas as piadas funcionem, a frequência e a ousadia garantem que o espectador encontre algo para rir a cada minuto. É o tipo de comédia que não se leva a sério — e é exatamente por isso que funciona tão bem.
Conclusão: O Reboot que Acertou o Tom
“The Naked Gun” acerta ao fugir da armadilha dos reboots nostálgicos que dependem demais do passado. Em vez disso, ele aproveita o espírito caótico e irreverente da franquia original para apresentar uma nova história com personagens renovados, humor escancarado e situações completamente absurdas.
Pode ser bobo, exagerado e até burlesco — mas é feito com inteligência, ritmo e um carinho evidente pelo gênero. No final das contas, transformar uma piada estúpida em algo realmente engraçado é uma arte. E “The Naked Gun” faz isso com maestria.